BOLHA IMOBILIÁRIA NO BRASIL?

Ao longo do tempo, cada vez que os preços dos imóveis aumentam no Brasil, surgem comentários e ilações sobre este aumento estar sendo causado pela existência de uma bolha imobiliária. Esta possibilidade tem ganhado a atenção dos meios especializados e da população que de alguma forma está envolvida na compra e venda de imóveis principalmente após este fenômeno ter ocorrido nos Estados Unidos da América em 2007, fato que foi alertado com antecedência por Robert Shiller (Economista, acadêmico e escritor norte americano e ganhador do Nobel de Economia em 2013e que esteve visitando o Brasil neste mesmo ano de 2013. Nesta ocasião teceu alguns comentários sobre os riscos de uma possível “bolha imobiliária” no Brasil.

Na ocasião, estava cursando Gestão Superior em Negócios Imobiliários e foi formulada a seguinte questão num fórum da Disciplina “Economia e Sociedade”:

"A respeito do que discutimos em aula, apresente, de forma argumentativa, os possíveis motivos da existência ou não de uma bolha imobiliária em nosso país."

Creio que minha resposta abaixo, resume um pouco esta questão:

Resposta: Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões a fim de embasar determinado pensamento ou ideia. Principalmente no meio acadêmico, nunca se deve afirmar algo que não esteja fortemente embasado em estudos ou informações previamente adquiridas,assim sendo, devemos primeiro apresentar os fatos para depois emitirmos uma opinião que seja embasada nestes fatos. O objetivo é fazer com que o leitor reflita e estabeleça o senso crítico (concordando ou discordando) e não que feche os olhos para possíveis contra argumentos.

Tomando por base esta premissa, apesar de todo o respeito que se deva ter por Robert Shiller, há que se considerar que suas opiniões, como ele mesmo reconheceu, não possuiam o necessário embasamento para afirmar categoricamente que existia ou viria a existir uma bolha em expansão no mercado brasileiro de vez que ele não conhecia a fundo todas as “reentrâncias” e “meandros” deste mercado (se me permitem a metáfora). Preferi, na ocasião, muito mais a análise de Ricardo Amorim (analista e comentarista econômico da Globonews) em seu artigo “O MEDO DA BOLHA IMOBILIÁRIA” que está baseado em indicativos bem interessantes entre os quais destaco:

1. “… Não encontrei nenhum estouro de bolha com consumo anual de cimento inferior a 400 kg per capita. Na Espanha passou de 1.200 Kg e há casos, como na China atual, de consumo ainda superior, 1.600 Kg, sem estouro de bolha. No Brasil, minha estimativa, é que estejamos hoje (2013) em 349 kg.”

2. “… Uma bolha imobiliária sempre se caracteriza por preços muito elevados em relação à capacidade de pagamento das pessoas. Considerando-se quantos anos de salário são necessários para comprar um imóvel de preço médio nas principais cidades do mundo, nenhuma cidade brasileira está hoje (2013) entre as caras. Por outro lado, Brasília e Rio de Janeiro, Salvador e Balneário Camburiú estão entre as 100 mais caras. Entretanto, mesmo por este parâmetro, Brasília, a mais cara do país, ainda é duas vezes e meia mais barata que Rabat, no Marrocos, a mais cara do mundo”.

3. “… Todas as bolhas imobiliárias que encontrei estouraram quando o total do crédito imobiliário superava 50% do PIB e, em alguns casos, passava de 130% do PIB. Nos EUA, em 2006, antes dos preços começarem a cair, era de 79% do PIB. No Brasil, apesar de todo o crescimento nos últimos anos, este número é hoje 5% do PIB”.

O artigo completo de Ricardo Amorim pode ser acessado pelo link: “O MEDO DA BOLHA IMOBILIARIA“

Assim sendo, creio que o Ricardo Amorim tinha razão quando avaliou que não havia uma bolha imobiliária no Brasil! O que você acha?

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